
Abril 2025
Glicoproteínas específicas da gravidez como potenciais alvos de medicamentos para doentes do sexo feminino com adenocarcinoma do pulmão
Os genes da glicoproteína específica da gravidez (PSG) fazem parte da superfamília de genes da imunoglobulina. Nos seres humanos, 10 genes de PSGs codificam glicoproteínas responsáveis por funções imunorreguladoras, pró-angiogénicas e antiplaquetárias em mulheres grávidas, regulando as suas imunidades. No entanto, não se sabe muito sobre a sua potencial atividade imunorreguladora, especialmente em mulheres que não estejam grávidas. Neste estudo, analisou-se a influência dos genes de PSGs em grupos de indivíduos do sexo feminino e do sexo masculino relativamente ao panorama imunitário do tumor e à sua progressão. Este grupo de investigadores verificou que a maior diferença entre os grupos de indivíduos do sexo masculino e feminino em relação à associação entre a expressão dos genes de PSGs e o prognóstico do doente, foi na análise dos casos de adenocarcinoma do pulmão. Verificou-se também que a expressão dos genes de PSGs influenciava negativamente o prognóstico de mulheres diagnosticadas com adenocarcinoma do pulmão e que o mesmo não se verifica para os indivíduos do sexo masculino. Estes resultados sugerem que será possível melhorar o prognóstico de indivíduos do sexo feminino com este tipo de tumor através de medicação que afete a atividade das PSGs.

Avanços na imunoterapia contra o cancro colorretal
Um novo estudo publicado na revista Nature Cancer, liderado por Bruno Silva-Santos e Sofia Mensurado do GIMM – Gulbenkian Institute for Molecular Medicine, apresenta avanços promissores na imunoterapia contra o cancro colorretal. O trabalho desenvolvido demonstra a eficácia das células imunitárias DOT (_Delta One T cells_) na identificação e morte de células cancerígenas. Obtiveram resultados muito promissores, descobrindo que as células DOT são eficazes contra o cancro colorretal e que a sua ação anti-tumoral pode ser potenciada dando um suplemento aos ratinhos. Neste estudo também foi descoberto que a molécula butirato, produzida naturalmente pelas bactérias do nosso intestino, aumenta a capacidade de identificação de células cancerígenas pelas células DOT. Bruno Silva-Santos também avança que “As células DOT são especialmente interessantes como terapia porque não reagem a diferenças genéticas entre indivíduos. Esta característica faz com que seja possível produzir células DOT a partir de dadores saudáveis e criar um “banco de células” prontas a usar, para tratar doentes diferentes, com a ambição de criar uma imunoterapia celular “universal” ”.

Como o RNA no sangue pode ajudar na procura de doenças?
O DNA e RNA são os ácidos nucleicos responsáveis pela nossa informação genética, encontrando-se normalmente dentro das nossas células. No entanto em doenças como o cancro, estas moléculas podem sair da célula e ser libertadas, em pequenas quantidades, para a corrente sanguínea. Um novo método chamado RARE-seq, consiste na captura por afinidade de fragmentos de cfRNA para análise por sequenciação. Está tecnica permite assim a deteção de RNAs raros no sangue, oferecendo uma ferramenta clínica promissora na determinação do tecido de origem, na avaliação de condições benignas e no acompanhamento da resposta a vacinas de mRNA. Estes resultados elevam o valor potencial da análise ultrassensível de cfRNA e fornecem uma prova para diversas aplicações clínicas. No entanto, apesar de todas as vantagens, usar este método pode tornar-se muito desafiante, uma vez que estas moléculas são raras em comparação a outras presentes na corrente sanguínea. Para além disso, esta deteção é feita através de uma biópsia líquida, sendo assim uma técnica não invasiva e eficaz. Assim, com esta nova abordagem e graças ao avanço das técnicas laboratoriais e bioinformáticas, podemos estar cada vez mais próximos de uma cura e deteção precoce do cancro
