
Junho 2025
Fungo de túmulo revela tratamento promissor para o cancro
Cientistas da Universidade da Pensilvânia transformaram um fungo mortal, Aspergillus flavus - historicamente associado à "maldição dos faraós" por ter sido encontrado em túmulos como o de Tutankhamon - numa promissora arma contra o cancro. Isolaram uma nova classe de moléculas designadas asperigimicinas, pertencentes ao grupo raro dos RiPPs fúngicos. Entre estas, perceberam que duas moléculas têm uma forte ação em células com leucemia. Este composto atua como inibidor da divisão celular, bloqueando a formação de microtúbulos, estruturas essenciais à multiplicação das células cancerígenas. Além disso, os efeitos das asperigimicinas são altamente específicos: não afetam células de outros tipos de cancro (como mama, fígado ou pulmão) nem microorganismos benéficos. Esta descoberta revelou também que o gene humano SLC46A3 é essencial para permitir a entrada eficaz do composto nas células - o que pode abrir portas para melhorar a absorção de outros medicamentos com estrutura semelhante. O estudo sugere que há muitos compostos escondidos nos fungos, que podem vir a ser descobertos. O próximo passo será testar a eficácia das asperigimicinas em podelos animais, com o objetivo de avançar para ensaios clínicos em humanos.

Larvas de estrelas-do-mar criopreservadas
A partir de 2013, na costa oeste da América do Norte, espalhou-se a síndrome da estrela-do-mar, dizimando populações de espécies como a estrela-do-sol (Pycnopodia helianthoides) e a estrela-rosa gigante (Pisaster brevispinus). A perda destes predadores conduziu a uma grande expansão dos ouriços-do-mar, o que contribuiu para que o norte da Califórnia perdesse 97% das florestas de kelp. As estrelas de girassol estão agora funcionalmente extintas na Califórnia e estão a ser desenvolvidos esforços intensos para criar estas criaturas com vista à sua reintrodução na natureza. Quando as estrelas cor-de-rosa gigantes desovaram no Aquário do Pacífico em Long Beach, Califórnia, frascos com as larvas de dois dias de idade foram enviados para o San Diego Zoo Wildlife Alliance. Aí, foram submersas em azoto líquido e armazenadas a -200°C durante o mês seguinte, antes de serem transportadas cerca de 700 Km, para o Sunflower Star Laboratory, na Baía de Monterey. Em seguida, as larvas da estrela gigante cor-de-rosa foram cuidadosamente descongeladas e retomaram o seu desenvolvimento, atingindo a fase em que se fixam no fundo do mar e se transformam na sua forma juvenil. “Nunca ninguém tinha pegado numa estrela-do-mar, congelado na fase larvar e conseguido fixá-la, o que tem implicações tremendas para a sua conservação”, afirma Reuven Bank, do Sunflower Star Laboratory. Assim, pela primeira vez, os cientistas conseguiram criopreservar larvas de estrelas-do-mar e reactivá-las - um marco importante que poderá ajudar a restabelecer uma espécie-chave criticamente ameaçada.


Ratinhos com dois progenitores masculinos geraram descendência
Pela primeira vez, cientistas criaram ratinhos com dois pais biológicos que geraram descendência - uma descoberta que abre possibilidades futuras, onde dois homens possam ter filhos. Para isso, investigadores da Shanghai Jiao Tong University uniram duas células de esperma num óvulo, onde o seu núcleo tinha sido removido. Posteriormente, através de edição epigenética, reprogramaram 7 locais do DNA do esperma, de modo a permitir o desenvolvimento do embrião, um processo denominado androgenesis. Dos 259 embriões implantados, apenas dois machos sobreviveram, cresceram normalmente e produziram descendência. Este estudo pode abrir caminho para que dois homens consigam ter um filho biológico com capacidade reprodutiva. No entanto, especialistas destacam que ainda são necessárias mais pesquisas e validações antes que esse tipo de procedimento possa ser considerado seguro e viável em seres humanos.

Fonte: https://www.newscientist.com/article/2485396-mice-with-two-fathers-have-their-own-offspring-for-the-first-time/?utm_campaign=feed&utm_medium=referral&utm_source=later-linkinbio